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Maquete - Volume, planos, coluna, árvore e rocha |
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Espacialidade |
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Organização dos elementos |
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Estudo segundo a Gestalt |
Segundo
Dondis, “captamos a informação visual de maneiras diferentes”. E para
desenvolver essa análise visual da maquete tive como referência a
“Fundamentação Teórica da Gestalt”, extraída das obras de M. Wertheimer, K.
Koffka e W. Köhller.
Esses
autores participavam da Escola Gestalt. Esse movimento se preocupou
principalmente com o campo da Teoria da Forma que tinha contribuição
também nos estudos da percepção, da linguagem, entre outros assuntos. Eles
faziam estudos e pesquisas experimentais para formularem suas teorias,
tentando, em uma delas, explicar por que algumas formas agradavam mais que
outras e por que vemos as coisas como vemos.
Segundo a
teoria quando olhamos algo, nós vemos um todo e não as partes isoladas. Sendo assim,
uma parte seria dependente da outra. Quando percebida uma forma ela estaria
estritamente ligada com as forças integradoras de um processo cerebral.
Tentando explicar essas forças integradoras, a Gestalt explica que o cérebro
possui um dinamismo que procura estabilidade e tende a organizar as formas.
Sendo
assim, os gestaltistas procuram por padrões que explicassem a ordenação e a
estruturação das formas psicologicamente percebidas. E são esses padrões que
usarei para fazer a análise visual da maquete.
As forças
de organização podem ser de segregação, unificação, fechamento, boa
continuidade, proximidade, semelhança, equilíbrio, simetria e pregnância.
As forças
iniciais de segregação e unificação, sendo a primeira agindo em
virtude da desigualdade de estimulação e a segunda em virtude da igualdade de
estimulação. Para formarmos uma unidade é necessário um contraste. Na maquete a
verticalidade se contrasta com a horizontalidade; sendo a verticalidade
representada pela coluna, pelo plano vertical, pelas escadas e pela árvore e a
horizontalidade pelo volume e pelo plano horizontal. Podemos representar esse
contraste também pela matéria natural (árvore e rocha) em contraste com matéria
construída (volume, escada e planos). Esses contrastes também são responsáveis
pelo equilíbrio da obra, tendo em vista que ela se difere por linhas
horizontais e verticais. Não há apenas verticalidade ou apenas horizontalidade,
o que faz da maquete equilibrada e harmoniosa.
O fator fechamento ajuda-nos na formação
de unidades, auxiliando a unir intervalos e estabelecer ligações. Esses
fechamentos podem ser percebidos sem dificuldade no volume, pois, percebe-se de
qualquer ângulo a formação de uma unidade. Já os planos vertical e horizontal
têm fechamentos, mas a segregação da superfície não pode ser vista de qualquer
ângulo. Sendo assim, o fechamento os transformam em uma unidade, mas a união de
intervalos e o estabelecimento de ligações as vezes se torna difíceis.
A força da boa continuidade explica que
toda unidade tende a se prolongar em uma mesma direção e com um mesmo
movimento. Ela está presente em todos os planos da maquete, tendo em vista que
ela é feita apenas por linhas retilíneas que, por sua vez, são mais estáveis
que as curvas. Porém, de instante em instante a boa continuidade é quebrada com
ângulos diferentes para a formação de um volume assimétrico. Mas ainda assim,
sua presença é forte e nos ajuda a nos orientar na percepção das formas.
O fator da proximidade tende a fazer de
elementos juntos uma unidade e de elementos separados o contrário. Essa força é
quem faz da maquete uma única coisa. Ou seja, apesar de termos construções e
elementos naturais, eles se constituem em uma unidade devido a sua proximidade.
Porém, isso não elimina o contraste entre elementos construídos e elementos
naturais, mas faz com que percebamos uma relação entre eles e vejamo-los como
um elemento. Com isso, sabemos que os elementos naturais fazem parte da obra e
não estão ali por acaso. O fator proximidade atua também sobre o plano
horizontal que não toca o volume, mas por estar perto e se apoiar em uma coluna
também perto e parte dele se sobrepor sobre o volume, o faz fazer parte da
unidade geral da maquete.
O fator semelhança faz com que partes que
tem igualdade de forma e/ou de cor tendem a constituir unidades. Esse fator é
mais forte que o da proximidade, pois partes que estão perto tendem a ser
vistos juntos, mas quando as partes têm qualidades em comum a constituição de
unidade é maior. Porém, um fator não subtrai o outro. Partes podem constituir
tanto semelhança quanto proximidade, podendo esses fatores se fortalecer ou se
enfraquecer. No caso da maquete, os dois fatores se fortalecem, pois, o fator
semelhança ajuda na constituição de unidade. Esse fator pode ser percebido nas
cores neutras (bege e marrom) em toda a maquete e nas peças dos elementos
construídos que são compostos por retas (não há a presença de curvas em nenhuma
das partes).
A pregnância é um “princípio geral” que abraça todos os outros
citados. Segundo ele, a organização da forma pode ser feita não só por um dos
fatores, mas por quantos fatores estiverem disponíveis para a visualização do
observador. Ou seja, se tiverem vários fatores, todos eles vão contar para a
resolução final da forma. Sendo essa resolução a resultante de todos os
princípios, fatores e padrões estabelecidos naquelas partes. Portanto, a
pregnância é percebida, como foi dito, em toda a parte da maquete.
Ainda podemos pensar sobre a simetria que pode constituir um novo
fator de constituição de unidade. Porém, esse fator não aparece na maquete,
sendo a assimetria o fator de constituição de unidade, pois é ela quem rege os
traços do projeto. Todos os ângulos do volume são diferentes e dos planos
também.
Sendo assim, a maquete pode ser
considerada um projeto assimétrico que apresenta vários fatores de constituição
de unidades que podem ser observados segundo os conceitos da Gestalt.
Referências: Gestat do
objeto – Sistema de Leitura Visual
Aulas de Plástica I pelo
professor Luiz Eduardo Borda
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Croqui maquete - a partir da natureza |