quinta-feira, 8 de novembro de 2012

2.2. - Análise da Linguagem e do Espaço / 1.3. - Maquete: Plano, Volume e Rocha



               Executado o projeto proposto pela disciplina de Plástica I do professor Luiz Eduardo Borda, houve uma análise do projeto segundo a teoria da Gestalt. Agora há uma comparação com a “Villa La Rotonda – Palladio”.
            A Villa Rotonda de Andrea Palladio fica na Itália, perto de Vicenza, e foi construída na época do Renascimento em que o racionalismo era de extrema importância. Ela, por sua vez, representa o modelo de arquitetura clássico. O projeto é completamente simétrico e composto por um bloco quadrado com uma cúpula encima. Ela apresenta todas as suas fachadas  iguais com  pórticos idênticos. Sua estrutura obedece ao racionalismo e é geométrica. Seu aspecto nos lembra um templo.
            Já o projeto representado na maquete se difere a Villa Rotonda em vários aspectos. Ele é um projeto modernista e completamente assimétrico, composto por um volume, um plano vertical e um plano horizontal. Não há a presença de uma fachada certa, pois, todos os lados da maquete são diferentes devido a sua assimetria com ângulos diferentes. Além disso, enquanto a Villa Rotonda demonstra influências clássicas, uma grande preocupação com a decoração e nos lembra um templo, a maquete segue outros princípios diferentes e parte de uma arquitetura mais funcional que ornamental; um exemplo disso é a planta livre com influência de Le Corbusier.
Contudo, uma similaridade é que as duas apresentam colunas, ainda que se diferenciem em seus motivos, sendo na Villa principalmente por decoração e na maquete por sustentação do plano horizontal. Outra similaridade é a de que tanto uma quanto a outra tem a arquitetura em contraste com o paisagismo, ou seja, elementos construídos em proximidade com elementos naturais. Tanto uma quanto a outra conseguem fazer do contraste uma harmonia, equilibrando o espaço construído com o espaço natural.
Sendo assim, mesmo sendo propostas em momentos da história diferentes e por motivos diferentes e com as suas diversidades, tanto uma quanto a outra seguem princípios claros que permitem a percepção do observador. Podemos, assim, considerar as teorias da Gestalt e repararmos que independentemente das diferenças podemos analisar tanto uma quanto a outra a partir dos mesmos princípios e a partir disso desenvolver as similaridades e as diferenças. E ainda que as diferenças sejam muitas, tanto uma quanto a outra podem ser consideradas arquiteturas equilibradas e harmoniosas.

Villa La Rotonda
Croqui Planta esquemática Maquete


Foto maquete - Vista com todos os elementos
Foto maquete - Vista lateral

Foto maquete - Vista lateral oposta

2.1. - Design gráfico para Exposição


2.3. - Análise Visual da Maquete (Gestalt) / 1.4. - Croquis de estudo da maquete



Maquete - Volume, planos, coluna, árvore e rocha



Espacialidade

Organização dos elementos
Estudo segundo a Gestalt

            Segundo Dondis, “captamos a informação visual de maneiras diferentes”. E para desenvolver essa análise visual da maquete tive como referência a “Fundamentação Teórica da Gestalt”, extraída das obras de M. Wertheimer, K. Koffka e W. Köhller.

Esses autores participavam da Escola Gestalt. Esse movimento se preocupou principalmente com o campo da Teoria da Forma que tinha contribuição também nos estudos da percepção, da linguagem, entre outros assuntos. Eles faziam estudos e pesquisas experimentais para formularem suas teorias, tentando, em uma delas, explicar por que algumas formas agradavam mais que outras e por que vemos as coisas como vemos.
Segundo a teoria quando olhamos algo, nós vemos um todo e não as partes isoladas. Sendo assim, uma parte seria dependente da outra. Quando percebida uma forma ela estaria estritamente ligada com as forças integradoras de um processo cerebral. Tentando explicar essas forças integradoras, a Gestalt explica que o cérebro possui um dinamismo que procura estabilidade e tende a organizar as formas.
Sendo assim, os gestaltistas procuram por padrões que explicassem a ordenação e a estruturação das formas psicologicamente percebidas. E são esses padrões que usarei para fazer a análise visual da maquete.
As forças de organização podem ser de segregação, unificação, fechamento, boa continuidade, proximidade, semelhança, equilíbrio, simetria e pregnância.
As forças iniciais de segregação e unificação, sendo a primeira agindo em virtude da desigualdade de estimulação e a segunda em virtude da igualdade de estimulação. Para formarmos uma unidade é necessário um contraste. Na maquete a verticalidade se contrasta com a horizontalidade; sendo a verticalidade representada pela coluna, pelo plano vertical, pelas escadas e pela árvore e a horizontalidade pelo volume e pelo plano horizontal. Podemos representar esse contraste também pela matéria natural (árvore e rocha) em contraste com matéria construída (volume, escada e planos). Esses contrastes também são responsáveis pelo equilíbrio da obra, tendo em vista que ela se difere por linhas horizontais e verticais. Não há apenas verticalidade ou apenas horizontalidade, o que faz da maquete equilibrada e harmoniosa.
O fator fechamento ajuda-nos na formação de unidades, auxiliando a unir intervalos e estabelecer ligações. Esses fechamentos podem ser percebidos sem dificuldade no volume, pois, percebe-se de qualquer ângulo a formação de uma unidade. Já os planos vertical e horizontal têm fechamentos, mas a segregação da superfície não pode ser vista de qualquer ângulo. Sendo assim, o fechamento os transformam em uma unidade, mas a união de intervalos e o estabelecimento de ligações as vezes se torna difíceis.
A força da boa continuidade explica que toda unidade tende a se prolongar em uma mesma direção e com um mesmo movimento. Ela está presente em todos os planos da maquete, tendo em vista que ela é feita apenas por linhas retilíneas que, por sua vez, são mais estáveis que as curvas. Porém, de instante em instante a boa continuidade é quebrada com ângulos diferentes para a formação de um volume assimétrico. Mas ainda assim, sua presença é forte e nos ajuda a nos orientar na percepção das formas.
O fator da proximidade tende a fazer de elementos juntos uma unidade e de elementos separados o contrário. Essa força é quem faz da maquete uma única coisa. Ou seja, apesar de termos construções e elementos naturais, eles se constituem em uma unidade devido a sua proximidade. Porém, isso não elimina o contraste entre elementos construídos e elementos naturais, mas faz com que percebamos uma relação entre eles e vejamo-los como um elemento. Com isso, sabemos que os elementos naturais fazem parte da obra e não estão ali por acaso. O fator proximidade atua também sobre o plano horizontal que não toca o volume, mas por estar perto e se apoiar em uma coluna também perto e parte dele se sobrepor sobre o volume, o faz fazer parte da unidade geral da maquete.
O fator semelhança faz com que partes que tem igualdade de forma e/ou de cor tendem a constituir unidades. Esse fator é mais forte que o da proximidade, pois partes que estão perto tendem a ser vistos juntos, mas quando as partes têm qualidades em comum a constituição de unidade é maior. Porém, um fator não subtrai o outro. Partes podem constituir tanto semelhança quanto proximidade, podendo esses fatores se fortalecer ou se enfraquecer. No caso da maquete, os dois fatores se fortalecem, pois, o fator semelhança ajuda na constituição de unidade. Esse fator pode ser percebido nas cores neutras (bege e marrom) em toda a maquete e nas peças dos elementos construídos que são compostos por retas (não há a presença de curvas em nenhuma das partes).
            A pregnância é um “princípio geral” que abraça todos os outros citados. Segundo ele, a organização da forma pode ser feita não só por um dos fatores, mas por quantos fatores estiverem disponíveis para a visualização do observador. Ou seja, se tiverem vários fatores, todos eles vão contar para a resolução final da forma. Sendo essa resolução a resultante de todos os princípios, fatores e padrões estabelecidos naquelas partes. Portanto, a pregnância é percebida, como foi dito, em toda a parte da maquete.
            Ainda podemos pensar sobre a simetria que pode constituir um novo fator de constituição de unidade. Porém, esse fator não aparece na maquete, sendo a assimetria o fator de constituição de unidade, pois é ela quem rege os traços do projeto. Todos os ângulos do volume são diferentes e dos planos também.
            Sendo assim, a maquete pode ser considerada um projeto assimétrico que apresenta vários fatores de constituição de unidades que podem ser observados segundo os conceitos da Gestalt.

Referências: Gestat do objeto – Sistema de Leitura Visual
Aulas de Plástica I pelo professor Luiz Eduardo Borda



Croqui maquete - a partir da natureza


Foto maquete - 01

Croqui maquete - 01
Foto maquete - 02



Croqui maquete - 02
Foto maquete - 03         Croqui maquete - 03

2.1.1. - Design gráfico para Exposição (texto) / Fotos maquete



(Análise resumida contida na prancha)


No projeto, a rocha está perto do volume, que por sua vez tem um plano vertical sob ele. Esse plano é esticado até certo ponto criando dois espaços, sendo um deles o delimitador do espaço onde é plantada a árvore. O plano horizontal é sustentado por uma coluna e está perto da rocha, sombreando parte do volume e do chão. Com referência na “Fundamentação Teórica da Gestalt” foi possível fazer algumas análises que podem ser estabelecidas através de alguns fatores. 
Na maquete o contraste se estabelece com elementos naturais e elementos construídos e também por elementos verticais (árvore, plano vertical, coluna e escada) e elementos horizontais (plano horizontal e volume). O fator fechamento está presente em todos os elementos reforçando a percepção de cada um. Já a boa continuidade é percebida por linhas retilíneas (sem a presença de curvas) que ajudam na previsibilidade da forma. O projeto é assimétrico e todos os seus ângulos são diferentes, afirmando uma unidade juntamente com os elementos assimétricos naturais. Todos esses fatores demonstram semelhanças entre as partes, e juntamente com as cores neutras (tons de bege e marrom) as transformam em uma unidade, se tornando assim um projeto equilibrado e harmônico.

obs: assimetria na exposição de fotos proposital 
             
Foto maquete - Todos os elementos

Foto maquete - Elementos naturais e "partes" da arquitetura

Foto maquete - Contraste natureza e arquitetura


Foto maquete - Contraste natureza e arquitetura


Foto maquete - Plano vertical sob o volume

Foto maquete - Espacialidade proporcionada pela planta livre


Foto maquete - Organização dos elementos

Foto maquete - Espacialidade proporcionada entre o volume, o plano vertical e a rocha

Foto maquete - Contraste entre verticadidade e horizontalidade

Foto maquete - Equilíbrio entre linhas horizontais e verticais